Mãe relata angústia após três anos sem o filho, vítima do acidente que matou 42 trabalhadores em Taguaí: 'Tudo mudou'

  • 25/11/2023
(Foto: Reprodução)
Em 25 de novembro de 2020, passageiros de um ônibus estavam a caminho do trabalho em uma empresa têxtil de Taguaí (SP) quando sofreram o acidente; 42 pessoas morreram. Motorista foi condenado por homicídios e lesões corporais culposas. Vanessa guarda as medalhas conquistadas pelo filho que morreu no acidente Taguaí Jamie Rafael/ Tv Tem Três anos se passaram desde o acidente entre um ônibus e um caminhão que matou 42 trabalhadores de uma indústria têxtil na Rodovia Alfredo de Oliveira Carvalho (SP-249), em Taguaí (SP). A angústia da perda ainda aflige familiares das vítimas, que convivem diariamente com a memória da tragédia. A colisão aconteceu no dia 25 de novembro de 2020 e foi considerado o acidente com o maior número de mortes nas rodovias de SP em 22 anos. Entre as vítimas fatais, estava o costureiro Jean Soares Alves. Na época do acidente ele tinha 19 anos, e deixou a esposa e um filho, ainda bebê. Perdida em lágrimas, a mãe do rapaz, Vanessa Soares, relembra o desespero ao chegar na cena do acidente. Ônibus destruído após acidente em Taguaí, SP AP Photo/Juliano Oliveira “Duas semanas antes do acidente, eu saí [da empresa], estava no seguro [desemprego] da outra fábrica. 6h15 minha amiga me ligou (...) perguntou ‘Ô Vanessa, o Jean ainda está trabalhando na Status [Jeans]?' (...) Teve um acidente. O chão está cheio de gente morta”, conta. Vanessa lembra que estava em Taquarituba, a aproximadamente 12 minutos do local do acidente, quando recebeu a notícia. “Em sete minutos eu cheguei lá. A poeira ainda baixava, as pessoas gritavam, e eu gritava [por] ele. Foi o dia mais triste da minha vida até hoje. Acho que eu nunca, nunca, nunca vou esquecer isso”. 42 morrem em acidente de ônibus em Taguaí (SP) Arte-G1 Um grande efetivo de bombeiros, policiais rodoviários e socorristas foram mobilizados para a emergência. Na época, o tenente e porta-voz da PM, Alexandre Guedes afirmou que 15 pessoas haviam sido socorridas com vida. “Algumas faleceram durante o transporte, outras faleceram no próprio hospital", disse. De 15 sobreviventes socorridos após a batida, quatro morreram antes de dar entrada nos serviços de saúde. A 42ª vítima morreu no dia 29 de novembro, em um hospital de Avaré (SP). Veja quem são as vítimas da tragédia ‘Tudo mudou’ O maior acidente de SP dos últimos 22 anos deixou marcas irreparáveis. Em Itaí, cidade onde moravam os trabalhadores, um memorial em homenagem às vítimas foi instalado na Praça da Bandeira. Ao g1, a mãe de Jean Soares, Vanessa, relatou como passou os últimos anos sem o filho. “Para mim é como se fosse ontem. A vida sem meu filho é difícil de aceitar. Ele faz muita falta, estava sempre junto em tudo, ajudando sempre a todos. Um grande buraco está no meio de nós". “Tudo mudou. Eu vivo o hoje sem esperar pelo amanhã”. Itaí inaugura monumento em homenagem às vítimas de acidente entre ônibus e caminhão. Mike Adas/ Tv Tem Jovem exemplar Vanessa conta como Jean era um jovem exemplar e cheio de sonhos. “Sempre cortava o cabelo, sonhava em ter o seu salão e já tinha lançado vários cortes”. “Meu ‘reizinho’. Ele era uma criança incrível. Um garoto honesto (...) Queria ser advogado da família para poder ajudar a todos que sofriam”, conta Vanessa. Veja quem são as vítimas da tragédia no interior de SP Arte-G1 Motorista condenado O motorista do ônibus, Mauro Aparecido de Oliveira, foi condenado por homicídios e lesões corporais culposas a 13 anos e seis meses de prisão, em regime semiaberto. Durante esse mesmo período, ele também não poderá conduzir veículos automotores. A defesa recorreu em 2ª instância e no Supremo Tribunal Judiciário (STJ), instância jurídica máxima, mas os pedidos foram negados. A denúncia só foi apresentada em agosto de 2022, após mais de 20 meses, o Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) denunciou o motorista que provocou o acidente de trânsito em Taguaí (SP), no qual 42 pessoas morreram e outras quatro ficaram feridas. Laudo aponta que não houve falha nos freios do ônibus em tragédia de Taguaí A denúncia, oferecida pelo promotor de Justiça Pedro Rafael Nogueira Guimarães e recebida pelo Judiciário no dia 17 de agosto, traz como qualificadora o fato de o acusado ter praticado o crime no exercício de sua profissão, conforme informou o MP. Segundo testemunhas listadas no processo, o réu realizava o trajeto havia cerca de oito anos e costumava tanto dirigir em alta velocidade quanto fazer ultrapassagens em locais proibidos. Indenização Em um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) celebrado em setembro de 2021, as empresas Prime Jeans, Creative Jeans e Virtual Jeans firmaram um acordo e se comprometam a indenizar em R$ 39 mil cada família das 40 vítimas, a título de danos materiais e individuais, de acordo com o vínculo empregatício de cada trabalhador. Conforme o acordo, o montante seria pago em parcelas mensais de R$ 1,5 mil, pelo prazo de 26 meses. Caminhão ficou destruído após colisão com ônibus em Taguaí (SP) Minuto do Amorim/Divulgação Contudo, segundo o Ministério Público do Trabalho (MPT), 15 das 40 famílias aceitaram a proposta do TAC celebrado pelas três empresas. O termo garantia, ainda, a possibilidade dos familiares recusarem o acordo e entrarem com uma ação judicial para reavaliar a indenização. Além da indenização, as empresas se comprometeram a fiscalizar o transporte dos funcionários. Um acordo extrajudicial, firmado pela procuradora Ana Carolina Marinelli Martins, do MPT em Sorocaba (SP), prevê multa diária de R$ 500 em caso de descumprimento do acordo. Relembre o acidente A batida entre o ônibus e o caminhão aconteceu às 6h35 do dia 25 de novembro de 2020, no quilômetro 172 da Rodovia Alfredo de Oliveira Carvalho. Com o impacto, o caminhão bitrem, que levava uma carga de esterco, invadiu uma propriedade rural. Várias vítimas foram arremessadas do ônibus e ficaram amontoadas na pista. Acidente em Taguaí (SP) William Silva/TV TEM Ao todo, 37 mortes foram confirmadas no local do acidente e os feridos foram encaminhados para três hospitais em Taguaí, Fartura e Taquarituba (SP). De 15 sobreviventes socorridos após a batida, quatro morreram antes de dar entrada nos serviços de saúde. A 42ª vítima morreu no dia 29 de novembro, em um hospital de Avaré (SP). O ônibus transportava, além do motorista que sobreviveu, 52 funcionários de uma empresa têxtil que fica em Taguaí. O veículo pegou passageiros em Itaí e Taquarituba, quando bateu a cerca de cinco quilômetros do destino final. Grave acidente entre um ônibus e um caminhão provocou ao menos 40 mortes e deixou outras 12 pessoas gravemente feridas na manhã desta quarta-feira (25), na Rodovia Alfredo de Oliveira Carvalho, entre Taguaí e Taquarituba, na região de Avaré, no interior de São Paulo. ADEMILSON TICO/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO Já no caminhão havia dois motoristas, e o homem que dirigia o veículo morreu na batida. Ele não tinha habilitação para dirigir caminhões e, por isso, havia contratado um ajudante, que sobreviveu ao acidente. Depois da batida, o Governo de São Paulo montou uma força-tarefa para identificar e liberar os corpos das vítimas, que foram levados para o Instituto Médico Legal (IML) de Avaré. A força-tarefa das polícias Técnico-Científica e Civil identificou e liberou os corpos dos primeiros 41 mortos na madrugada do dia 26 de novembro, e um caminhão frigorífico precisou ser usado para armazenar os corpos à espera do exame necroscópico. Os corpos começaram a ser velados na noite do dia 25 de novembro no ginásio de esportes de Itaí, sendo de oito em oito por vez. Já os enterros tiveram início na madrugada do dia 26 de novembro e aconteceram durante toda a manhã. Velórios começaram na noite desta quarta-feira (25), em Itaí Esdras Pereira/TV TEM Responsabilidades O passageiro do bitrem que sobreviveu ao acidente afirmou que o ônibus tentou ultrapassar outro caminhão e invadiu a contramão em um trecho de faixa contínua. Conforme o relato de um sobrevivente, a maioria dos passageiros estava sem cinto de segurança e dormia na hora da batida. Já o motorista do ônibus disse, para a polícia e em entrevistas, que não tentou ultrapassar outro veículo no trecho onde era proibido e que houve uma falha no freio do ônibus. O homem alegou que, por isso, teve que jogar o ônibus para o lado para não colidir com o veículo que estava à frente. Perícia em 3D de acidente que matou 42 pessoas em Taguaí Reprodução No dia 30 de novembro, o acidente foi recriado pela perícia através de um equipamento de tecnologia 3D. A equipe foi ao local da batida com um laser escâner, que digitalizou a área. Em fevereiro de 2021, o motorista do ônibus foi indiciado por homicídio culposo, quando não há intenção de matar. A Polícia Civil chegou a essa conclusão depois de receber um laudo, que aponta que não houve falha nos freios. A polícia também indiciou a dona da empresa de ônibus Star Turismo por causa das más condições do veículo e exercício irregular da profissão, já que a empresa não tem licença para o transporte de passageiros. Ônibus destruído após acidente em Taguaí, SP AP Photo/Juliano Oliveira Os donos das três fábricas onde os passageiros trabalhavam, e para onde seguiam quando houve o acidente, também foram indiciados, porque eram responsáveis pela contratação do ônibus. Apesar dos indiciamentos, o inquérito relatado à Justiça em fevereiro voltou ao distrito policial a pedido do Ministério Público, e a denúncia da Promotoria só foi oferecida em agosto de 2022, mais de 20 meses após o acidente. Além do inquérito da Polícia Civil, o Ministério Público do Trabalho (MPT) abriu uma investigação contra as empresas envolvidas no acidente. Quase um ano depois da batida, o órgão fechou um acordo com as três empresas envolvidas, que se comprometeram a indenizar em R$ 39 mil as famílias de 40 trabalhadores. Caminhão ficou destruído após colisão com ônibus em Taguaí (SP) Minuto do Amorim/Divulgação Veja mais notícias no g1 Itapetininga e Região VÍDEOS: assista às notícias da TV TEM

FONTE: https://g1.globo.com/sp/itapetininga-regiao/noticia/2023/11/25/mae-relata-angustia-apos-tres-anos-sem-o-filho-vitima-do-acidente-que-matou-42-trabalhadores-em-taguai-tudo-mudou.ghtml


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